diannasousatextos*
Aqui vais entrar num mundo a parte, só não sente quem não lê. acompanha os meus pensamentos, os meus sentimentos, dá mais cor ao teu mundo.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
"Hoje eu quero, quero viver!"
Criei este blog, não só pelo amor que tenho pela minha escrita,
mas também porque sinto o quanto as palavras me libertam...
Talvez seja estranha, aliás, considero-me assim.
Consigo escrever tudo o que sinto, embora, cada vez que queira dizê-las,
me faltem as palavras.
O valor da escrita é infindável, algo perfeito, e na realidade tão simples,
o simples facto de poderes explicar tudo o que sentes com a alma.. nunca fui muito
de ler, simplesmente escrevo com a alma.
Quando todos me perguntam de onde vem toda a minha escrita, fico sem resposta,
sinto que cada vez que paro para pensar, a minha alma foge do meu corpo. viaja bem
mais longe que eu.. Sempre acreditei que a nossa alma tem várias vidas, a minha,
deve ter mais de milhares e milhares de anos..
Sinto isso porque realmente, existe algo em mim, há poucos dias estive em frente a linha da
morte, curiosamente, fora algumas mazelas, estou aqui..
Talvez fale um pouco, e sei, realmente sei... existem coisas piores, e o que aconteceu comigo,
pode ter acontecido a qualquer um. O que aconteceu comigo, talvez tenha acontecido contigo,
ou com aqueles que não ficaram para contar a "história".
Pois eu fiquei, e sinto-me privilegiada, para alguém que tem uma forma tão diferente de falar em
"fé".
Tive um acidente de automóvel, na qual eu era a condutora.
Tive uma vida resumida em segundos, que pareciam horas, agora sei, como são os segundos
de muitos que hoje já não estão. Sei que no momento, a pessoa que mais amas, é a primeira a aparecer,
sentes que a tua vida não pode acabar aqui. Enquanto reparava que o carro me fugia das mãos,
só pensava "vou morrer, e não me despedi"...
estive sempre consciente, e acho que isso foi o que mais custou naqueles "milhares de anos",
saber que já não podes fazer nada, e fizeste tão pouco. Lembro-me de várias vezes, enquanto o
carro fazia piões e piões contra as rides na autoestrada, cada vidro que partia sobre o meu corpo,
cada barulho de travagem, cada deslize que o carro deu, eu perguntava "já acabou?"
nunca mais acabava.. com o carro entre a ponte e a estrada, o carro parou... olhei a minha volta,
não estava ninguém, mas eu estava viva... com medo, mas viva... quando quis sair dali..
reparei que estava presa ali dentro, o sinto bloqueou, o painel e o volante descaiu sobre as
minhas pernas, e a porta não abria. Iniciei o panico de querer sair antes que o carro tomba-se ponte
a baixo.. consegui puxar o banco para trás, e fugir entre o sinto.. pontapeei a porta, até a conseguir
abrir.. e antes que abrisse.. ainda me recordo do barulho arrepiante do carro empoleirado entre a ponte e a estrada,
o carro desliza.. e caiu sobre a estrada, alguém me protegeu naquele momento..
consegui abrir a porta, e sai..
Lembro-me de esboçar um sorriso, "não morri, estou bem!" .. mas não havia ninguém ali, como
é que numa auto-estrada tão grande, não aparecia ninguém?
E apareceu um "anjo".. era só um rapaz fantástico que me ajudou em tudo o que podia,
Quando me senti segura, sentei-me no chão, pedi um cigarro, e entre o bater acelerado do coração,
e o tremer do meu corpo, sinto que viajei.. não me lembro de ter fumado o cigarro por completo,
lembro-me da GNR, dos Bombeiros, e da frase nos meus ouvidos "tiveste tanta sorte miúda"..
Estive sozinha do inicio ao fim, lembro-me que só pedia "alguém" do meu lado..
Eles levaram-me para o hospital, e entre RX, calmantes, medicamentos para as dores, continuava
sozinha.. mal sentia uma perna, e o meu pescoço, não me tinham tirado o colar cervical, algo se passava.. no entanto, já tinha passado
tudo para mim..
Após horas, uma enfermeira chegou-se perto de mim, e disse-me "Diana, a tua madrinha está lá fora,
e mandou dizer-te que não estás sozinha." a emoção foi tanta, que me derreti entre lágrimas
,chorei como o choro de uma criança que pede colo, senti-me protegida, já não estou sozinha!
depois de mais algumas horas, quis levantar-me.. não me deixavam levantar! Mas eu sou terrível,
sou génio a fazer birras.. ajudaram-me a levantar, e as dores eram tantas, god..
No entanto fiz-me de forte e entre dentes disse "eu estou bem, consigo andar".
Já nos braços da minha madrinha, chegou a minha família, do género "está tudo bem, estamos aqui"
mas para mim era tarde!
o médico chama, e a minha mãe apressa-se agarrar-me para entrar comigo. Entre explicações, meio
drogada, ouvi o médico a falar com a minha mãe.. "Bom mãe, a Diana teve muita sorte, tem uma lesão muscular
na perna direita, que passará em breve, e uma lesão na cervical, a Diana terá de usar um Colar cervical
para que tudo volte ao sitio! terá dores, mas com a medicação indicada, ficará bem! Iria sugerir que a
Diana ficasse em observação, mas reparo que ela está bem, caso complique, traga-a de volta".
Eu só pedia para vir para casa, a minha mãe ainda tentou que ficasse na casa dela, mas..
precisava de estar aqui, ao lado da única mulher que sabe cuidar de mim, o meu amor.
Passou em claro, ouvir-me gritar com dores, deu-me banho, comida, vestiu-me, cuidou de mim.
Agora eu estou bem, mas tudo isto me fez reflectir mais uma vez, nem tudo o que nos parece, é.
Eu amo viver, e alguém me protege todos os dias para que isso seja real. Entre tantos sonhos,
entre tantos quereres, Hoje eu quero, Quero viver!
O carro ficou completamente destruído, e eu estou aqui, obrigada!
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